sábado, 13 de outubro de 2012

PEGADAS NO UNIVERSO



Em algum lugar nasce a grama
Em algum lugar desabrocha a flor
Em algum lugar o mundo gira
Em algum lugar cria-se o amor.

Sentado numa cadeira de balanço na varanda
Observo o vento varrer as folhas de outono
Pássaros conversam sem falar seus nomes
Num traço poético da natureza

Em algum lugar a onda chega à praia
Em algum lugar o sorriso quebra o gelo
Em algum lugar o galo canta
Em algum lugar alguém diz: Eu te amo!

Em pé dentro do ônibus lotado
Observo a chuva trafegar o caminho
Pessoas revoltadas, pessoas nostálgicas, nuvem solitária.
E o cheiro de terra molhada traz sentimentos criança.

Em algum lugar alguém lê Gullar
Em algum lugar alguém desiste de viajar
Em algum lugar alguém morre de frio
Em algum lugar alguém se encontra vazio.

Sentado a beira da piscina olho a água parada
O dia parado, o corpo parado, o olhar no tempo.
O almoço espera, a janta espera, a fome desespera.
E tudo sangra, e tudo desanda, tarde de domingo.

Em algum lugar alguém faz guerra
Em algum lugar alguém estende a mão
Em algum lugar alguém tem pressa
Em algum lugar alguém fica sem chão.

Andando nas praças com meus fantasmas, fecho os olhos...
Sentimentos alados dentro da cidade e seus farrapos.
Vejo a vida escrita na urgência de amar
Sinto o frio da água que o poema transforma em mar

Em algum lugar alguém vive em paz
Em algum lugar alguém guardou uns réis
Em algum lugar alguém “aqui jaz”
Em algum lugar alguém come pastéis

E os traços patéticos da modernidade
Faze-me pular em teus braços
Meus passos, na chuva breve...
Nosso amor que caminha por montanhas e faz florir desertos...
...Em algum lugar...

MAURO ROCHA 02/10/2012

Um comentário:

Sonia disse...

Muito bonito!