terça-feira, 22 de janeiro de 2013

INCÊNDIO NO PAPEL


Hoje face do amanhã corpo lisérgico noite sem analgésico
Sinto-me bem, sinto-me além dos pássaros noturnos.
E vejo graça na vida que passa navalha que marca o tempo cego
E vejo a cidade na moderna desgraça perambulada por zumbis anônimos.
 
Hoje luz do amanhã esperança cristã  cirandas e pedras
Caminho na selva que celebra a vida ao mesmo tempo em que assiste a morte
Caminho por uma estrada hibrida sem asas, sem páginas, sem máscaras.
Incêndio no papel no céu da cidade um infinito e belo horizonte, sem montes, note.
 
Hoje somente hoje vou crivar na mão o dor do espinho que não sente a rosa
Sinto-me cidade sinto-me saudade e caio na gargalhada do cotidiano
Sinto-me espelho sinto-me janeiro e vejo fevereiro cair no samba
Vejo tudo com os olhos vendados vejo a noite ao teu lado
 
Hoje corpo simétrico na linha do dia prego convicções
Atravesso o lago que às vezes é fundo, às vezes é raso, limítrofe de paixões.
Atravesso à tarde descanso na noite observo estrelas inclinadas no Arpoador
E vejo graça na vida que passa navalha que marca o tempo do amor
 
Incêndio no papel, edifício de letras deposito de ideias.
Incêndio de ideias, cadê o papel? Pela janela fogem letras
Hoje somente hoje te quero crua, nua, minha...
Hoje somente hoje te quero loucura, pura, poesia...

 
Hoje face do amanhã corpo dormente noite com febre
Sinto-me bem, sinto-me num abismo beijo e solidão.  
E vejo janelas abertas e vejo pássaros a beça minha mente meu coração
E vejo a cidade deserta a lua avessa no espelho a face da noite...
 
Hoje
Somente hoje...
 
MAURO ROCHA 22/01/13

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

VERSOS INVERSOS


Bom dia, boa tarde, boa noite.
Para esse mundo louco
Quem ama
Não pode amar pouco
 
Boa noite, boa tarde, bom dia.
Para essa vida louca
Quem tem paixão
Sabe que uma tempestade é pouca
 
Quando olhei no espelho refletiu-se tua alma
Quando olhei a chuva colhe tuas lágrimas
Hoje prego papiros nos vidros dos ônibus
Com poemas que gritam teu nome
 
Mas hoje não quero falar disso
Hoje eu quero mudar o disco
Dizer que minha loucura não foi roubada
Dizer que minha liberdade criou asas...
 
Bom dia para quem é de dia
Boa tarde para quem é de tarde
Boa noite para quem é de noite
 
Quero consumir a cidade num suspiro
Quero a paz de um sono tranquilo...
O amor invade a cidade, está na esquina.
A paixão é devassa em forma de tempestade nos olhos da menina...
 
Breve, tão breve dança a chuva na avenida.
E tudo começa na manhã seguinte
Quero o pecado, o recado pendurado na geladeira.
E tudo começa com um olhar timidamente doce...
 

MAURO ROCHA 17/01/13

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

EQUINÓCIO


Perdi-me na noite
Quem se atreveria a me buscar?
Minha alma afoita mergulhou no mar
Minha vida louca não sabe nadar...
 
Meus ossos quebrados
Meus dias mastigados
As horas passam penduradas na parede
O solstício de verão me traz neve...
 
Certifiquei-me que a roupa está no varal
Certifiquei-me que hoje não é carnaval
Atravesso o chão seco e rachado
Atravesso o nevoeiro com um olho farpado
 
Minha alma não reflete no espelho e os vampiros estão à espreita
Minha loucura é sensualmente perfeita para um dia sem sol
Perdi-me na noite junto a um poema escrito a luz do dia
Perguntava-me se era um sonho ou porque eu tinha acordado suado e sem lençol?
 
Nem todo mar é salgado e nem toda pergunta fica sem resposta
Foi numa eclíptica que observei o equinócio da minha poesia
Foi num feixe de luz que acordei ao meio dia com o sussurro do vento
Foi morrendo que descobri porque vale a pena cada dia acordado...

 
Meus ossos quebrados
Meus dias mastigados
Quadro a quadro visto de mosaico à cidade
O solstício de inverno me traz um vento quente...
 
Perdi-me na noite
“Que a lua o tenha”
Minha alma afoita mergulhou nas ondas do rio que encontra o mar
Minha louca vida aprende a cada dia que o importante é amar...
 
Nem todo doce é mel e nem toda maré é de azar
Foi num dia desses que tirei meu bilhete da sorte
Foi num dia desses que eu estava na presença da morte
Foi num dia desses que esse poema foi jogado ao mar...
 
MAURO ROCHA 16/01/13

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

(...) CANÇÃO I


Coração
Coração
O que pensas tu?
Em paixões
Enquanto o corpo quer desejo
A mente gira, gira, gira...
A procura de amor...
 
MAURO ROCHA 14/01/13

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

CORES NO SOL


Na transparência e no desejo escrevo
O poema que inicia o ano cheio de incógnitas
O poema que inicia o ano cheio de esperanças
E seja na chuva, ou seja, no sol trilho meu caminho...
 
Mas a poesia quer mais, mais que um caminho.
Caminho esse que às vezes sigo sozinho
Caminho esse que deságua no mar
Caminho esse que ultrapassa o tênue espaço de amar...
 
E na cidade invisível com meus olhos sensíveis reflito luz neon
E na cidade onde sou individuo identifico todos os sons gemidos pela noite
E na cidade aglutinada de desejos e segredos transpira o orvalho da manhã
E na cidade o poema furta-cor tem lua no olhar e gosto agreste...
 
Na transparência e no desejo sou medo e pulsação
As palavras travam, trafegam no vento sem ação.
A folha nua espera o poema vesti-la e conduzi-la para o próximo ato
As pessoas nuas querem ser vestidas de palavras sutis e amor...
 
Lá em cima lua cheia e aqui em baixo as poças d’água refletem o brilho das estrelas
Lá em cima eclipse solar e aqui em baixo movimento de corpos como as ondas do mar
A chuva é apenas lágrimas que lavam as almas perdidas a procura de um coração
O sol esquenta corpos desejosos do calor no frenesi da estação

 
Na transparência e no desejo mergulho no poema-cidade
As palavras edificam, os olhares cruzam as ruas, os movimentos param no sinal.
As pessoas querem o calor das pessoas cheio de luz natural
As pessoas querem apenas amor no coração e a alma flutuando de felicidade...
 


MAURO ROCHA 11/01/13