sábado, 22 de dezembro de 2012

OUTRO DIA




A manhã demora a chegar e o galo nem cantou
O corpo cansado, a preguiça cansada, mas temos que levantar.
O dia está lotado, à noite esta lotada, os olhos estão claros...
Claros de poesia, claros de paixão, claros de lua refletida no mar...

Mas um ano finda e a vida trás surpresas de uma noite de verão
Mas um ano finda e vamos dançando e cantando a canção
Teus olhos desenham o horizonte da tarde
Tuas mãos mexem em teus cabelos timidamente...

Timidamente o dia passa e os sonhos vão construindo castelos
Timidamente as estrelas explodem e viram constelações
Timidamente meus olhos vão navegando em teu corpo
Timidamente o destino vai construindo vidas em mosaicos...

Peça por peça que às vezes nos prega peças, são feitas de momentos.
E nossas histórias cruzam histórias, formam amizades, despertam amores.
Histórias místicas, simplistas, doloridas ou apenas vistas através do espelho.
Espelhos da alma, espelhos d´água, espelho, espelho meu, e um olhar no futuro...

E um olhar em teu mundo cheio de cores
E um olhar em teus lábios com palavras sublimes
E um olhar discreto que de certo só quer um beijo
E um fechar de olhos para mais um sonho...

A manhã demora a chegar...


MAURO ROCHA 21/12/2012

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

TEMPO DE FESTA


Natal tempo de festa
O tempo que nos resta
Para as orações
Para os perdões
Para agradecer
Para recomeçar e viver...
 
Aos olhos de Cristo
No crivo de nossas reflexões
Passando o ano a limpo
Jogando no lixo os detritos
Purificando o corpo, elevando a alma...
 
Natal...
 
MAURO ROCHA 19/12/12

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

TENHO QUE LER


Tenho que ler a poesia
A poesia árdua do homem que trabalha a parti das quatro da manhã
A poesia pálida dos que não têm nada e pensam em comida
A poesia louca que escorre pela cidade e seus pecados capitais
A poesia doce que brilha nos olhos adultos da infância

Tenho que ler a poesia
A poesia lúdica que ronda o mundo atrás de paz
A poesia concreta que edifica a alma
A poesia deserta que cobre de ilha o coração da humanidade
A poesia urbana que traça as linhas da cidade
Tenho que ler a poesia
A poesia lunar que aos loucos faz sonhar
A poesia despretensiosa que sem querer nos acorda
A poesia de amor que está em cada estação
A poesia malandra no samba-canção
Tenho que ler a poesia
Dos guetos
Fora dos eixos
Tradicional
Impressa no jornal
Tenho que ler a poesia
A poesia de teus olhos...
MAURO ROCHA  13/12/12

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

MADRUGADA


A madrugada me acordou com uma chuva forte
Pensei em você e sua caixa de Pandora
Meus pensamentos voam como anjos no horizonte
Quando entramos num caminho fica difícil ir embora...


A noite mal se despedia e eu queria mais
Ninguém notou o que poderia ser notícias nos jornais
Pensei em você e teus olhos lúdicos
Quando entramos no mundo não sabemos de tudo...


Cheguei cedo para cortar os espinhos
O vento bagunçou seu cabelo cheio de flores e redemoinhos
Meu olhar te despiu minha mão te cobriu
Quando entramos num sonho é difícil acordar...


Cheguei tarde para dizer adeus
Perdi o trem, o ônibus, o mundo de uma vez.
Pensei em você e na saudade de teus lábios
Quando entramos na vida às vezes nos esquecemos dos perigos...


A madrugada me acordou com uma chuva forte
Pensei que eu estava sozinho, mas senti as lágrimas caindo.
Meus pensamentos voam com asas perdidas
Quando nos encontramos fique no tempo parado procurando palavras...





MAURO ROCHA 12/12/12

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

O ARQUITETO


Ontem morreu Niemeyer
E a arquitetura ficou assim
Faltando uma linha, passos no jardim...

 
A curva ficou reta, menos concreta.
Mas as formas estão lá fora
Mundo a fora, mundo adentro...

 
No tempo e na história
Oscar Niemeyer
Do traço a glória...
 
 
MAURO ROCHA 06/12/12

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

RETICÊNCIAS


Gosto em mim
Essa loucura que me acompanha
Feito um cachorro vira-lata que seu rabo abana
A loucura me observa conversando com as plantas do jardim

Gosto em ti
Essa obstinação de não me largar
Como dias cinza querendo tingir o mar
Você me observa no jardim colhendo flores para ti

Minha porção equilibrista desequilibra no mundo
Nunca quis ser artista apenas mergulhar fundo
Em tuas retinas ou apenas no azul da piscina
Em cada palavra que tua boca pronúncia

Tua porção feminina comanda as entrelinhas do mundo
Meridianos do cotidiano muitas vezes servido frio
Que tu logo trata de arrumar nesse tropico de capricórnio,
Ou de câncer que atravessa esse coração na linha do equador

Gosto em mim
Essa loucura que me acompanha
Entre o silêncio e o cheiro de jasmim
Entre o barulho da goteira e a noite que acorda o dia


Gosto em ti
Essa diversão contagiante
Esse sorriso eternizado na noite
Os raios sincronizados da lua em ti
 
Gosto em mim
O gosto que tenho por ti...

MAURO ROCHA  04/12/12