quinta-feira, 6 de setembro de 2012

REALIDADE INSÓLITA


 

Não sei escrever como Cecília Meireles
Nem chego aos pés de Mário Quintana
E quem me dera à sombra de Drummond
 
Vejo de binóculos a complexa simplicidade de Ferreira Gullar
Para quem sabe um dia poder tocá-la
Navego no mar de Fernando Pessoa
Na esperança de ser pego nas redes tristes de Pablo Neruda
 
Não sei escrever com a loucura divina de Edgar Allan Poe
Nem consigo avistar a torre mais alta de Dylan Thomas
E talvez não seja tão intenso quanto Federico García Lorca
 
Mas uma coisa é certa
Leio toda a palavra transformada em dias
Aprendo com cada movimento do corpo que a alma transcende
E escrevo com cada lágrima ou cada sorriso que jogo ao vento
 
Pois não quero ser nunca nem um desses maravilhosos escritores
Apenas quero continua admirando esses que para mim são mestres
E vou assim seguindo a vida e escrevendo a poesia
Tão minha, tão sua, tão dia-a-dia...
 
E já dizia o poeta Manoel de Barros:
“Entender é parede”
Por isso procuro ser árvore.

E não tenho medo da minha loucura
Pois ela é companheira que se junta à solidão
Dentro dessa realidade insólita
Minha alma me acalma enquanto o corpo está nu
 
Meu corpo sangra no asfalto enquanto a alma sente o frio
Como se toda vida fosse uma tragédia grega
Mas saiba que todo dia é uma surpresa
Ver o sol platonicamente apaixonado pela lua num romance lúdico
 
Eu não sei escreve...
                
...Apenas deliro.

  

MAURO ROCHA   06/09/12

 

Um comentário:

Vivian disse...

...não sabe escrever, né?

imagina se soubesse!!

bjs, alma linda!

obrigada pelo carinho!