quarta-feira, 8 de agosto de 2007

MOLDURA

Pássaros cantam ao passar pelo cemitério
Cânticos de louvor, cânticos sagrados
Observo a moldura da lua exposta na janela
No aquário, plantas aquáticas solitárias, os peixes tediosos suicidaram-se
Ou foi gato com sua curiosidade faminta?
Meus pensamentos formigam
Penso na vida, penso na morte
Acho que o poeta está certo :
“Que seja eterno em quanto dure”
Dura é a insustentável vontade de ser eterno
Úmidas nossas almas brincam em rios e lagos
Salgados nossos corpos brotam dos oceanos
A morte sorri diante dos acontecimentos
Espelhos refletem apenas almas desoladas
Observo a moldura da lua exposta na janela...

Poemas são lidos em praças públicas
Digo ao vento e somente ao vento
Que estrelas mortas não perdem seu brilho
Tenho saudade das noites nuas
Quando passeávamos nas praças comovidas de amantes
O jarro espera por flores
A lua em uma de suas fases precisa de complemento
Sentado na poltrona observo a dança dos quatro ventos
Nossas almas numa fusão, une nossos corpos numa ação
A vida sorri diante dos acontecimentos
Espelhos refletem a clareza de nossos seres
Observo a pintura exposta do sol...

Pássaros cantam seus cânticos sagrados
Oremos aos mortos, que descansem paz
Eternos sempre seremos, eternos
Como as estrelas mortas que não perdem seu brilho...
Nas lembranças vivas dos vivos...
Viveremos várias vidas, como num jogo de cartas
Teremos vários naipes, e uma jogada do destino
O vinho será servido depois
Deleito-me em tuas costas
Nas ruas vazias o vento assovia uma melodia curta
Curta, cada momento que a vida lhe dá, curta...
Hoje esplendidamente a lua está soberana
E apenas a lua por testemunha, testemunhará nossos segredos
Amantes uivaram, corpos caem satisfeitos...
Observo a moldura da lua exposta na janela...



Mauro Rocha 20/07/2007

















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